quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Resumo do IV ENALLI 2010 - Encontro Nacional de Língua e Literatura

O ENALLI promove a cada 2 anos o encontro de pesquisadores, professores e acadêmicos, com o intuito de discutir a questão da leitura em diferentes áreas do conhecimento. Além disso, abordará metodologias de trabalho e estratégias inovadoras. Focaliza, ainda, a leitura, a aquisição e o desenvolvimento da linguagem, considerando as práticas discursivas e sociais que as envolvem, bem como a interação da produção estética com o contexto e com outros discursos.

Prof.ª Dr.ª Ana Lúcia Tettamanzy (UFRGS)


Quarta-feira - 29/09/2010
Conferência: Memória e identidade em acervo digital de narrativas orais

Conferencista: Prof.ª Dr.ª Ana Lúcia Tettamanzy (UFRGS)
Mediadora: Prof.ª Dr.ª Juracy Assmann Saraiva (Feevale)

A professora Ana Tettamanzy mostrou-se uma pessoa encantadora. Palavras simples, objetiva e como os grandes - de uma humildade quase sobrenatural. Encantadora. Deu muitas ideias de atividades criativas a serem realizadas por meio das aulas de literatura. Em um futuro próximo, de uso certo para alguns professores. Ela apresentou também o seu projeto de Contação de Histórias desenvolvido em bairros pobres de Porto Alegre. Nele vimos vídeos hilários dos contadores de histórias mais inusitados possíveis.

Dentre as principais ideias que tomei nota ela foi a que mais despertou a inha atenção e de alguns colegas para um fim prático muito claro. Melhorar a oralidade dos alunos e autonomia. A ideia da contação de histórias é bem simples, porém, magnífica: pedir para que todos contem uma história, já que todos sabem alguma história. A sugestão da professora consiste em pedir que os alunos contem a história de seu nome, família, vida, bairro, cidade, etc, é uma ótima forma para desenvolver a comunicação, além de outras habilidades tão necessárias à vida em sociedade. Quase um santo remédio.



Rosemari Lorenz Martins (FEEVALE), Prof. Dr. Paulo Guedes (UFRGS) e o Prof. Dr. Luiz Paulo da Moita Lopes (UFRJ), na Mesa-redonda sobre Letramentos, Quinta-feira dia 30.

Quinta-feira - 30/09/2010
Minicurso: O Texto em Haver

Prof. Dr. Paulo Guedes (UFRGS)

No minicurso, ministrado por Paulo Guedes, o mesmo comentou muito sobre a história da língua portuguesa, e da escrita cuneiforme (forma mais antiga conhecida de escrita, tendo sido criado pelos sumérios por volta de 3500 a.C), inclusive. O título do minicurso é Texto em Haver, pois na maioria dos textos apresentados pelos alunos ainda não há um texto bem estruturado, todavia vai haver algo, num futuro, possivelmente, a longo prazo.

Quanto à educação, relatou fatos e concepções nacionais e internacionais. Falou sobre o primeiro PCN do século XIX criado no Brasil, enquanto, a Inglaterra já havia criado o conceito de ensino de leitura e escrita (letramento) para todos ainda no século XVIII. As primeiras reformas que implantavam o ensino de redação no Brasil são de 1972, sendo que o brasileiro, na prática, só entrou na escola na década de 60. O resultado está aí. Os PCNs começaram, há pouco tempo, a prestar atenção no que realmente importa: leitura, produção e reflexão sobre a língua, segundo ele. E é isso que deve ser trabalhado em uma aula de língua. Nos trabalhos de reflexão sobre a língua devemos dar conta das mudanças da mesma, sendo assim, a língua existe e deve atender o usuário. Deu o exemplo da Idade Média, tempo em que os textos eram escritos sem espaços entre as palavras.

Relatou que o português-brasileiro parece cada vez mais tomar uma nova sintaxe, similar a do chinês, diga-se de passagem. Na língua chinesa temos uma sintaxe formada por tópico (tema) e comentário (rema) da qual o português está se assimilando no uso coloquial.

Por exemplo:

O meu carro (tópico) furou o pneu (comentário).

Voltando para uma questão mais histórica da língua explicou a origem da gramática, que teria surgido como forma de resposta à variação linguística já que na época a biblioteca de Alexandria, que era maior do mundo, com o passar das décadas ficava em desuso já que o povo não conseguia entender o que lia, pois a língua havia mudado demais. Daí, então, a necessidade de se criar um “padrão”, torná-la mais estática, aí entrou a gramática. Quanto ao assunto sugeriu o livro “Gramática do Português-Brasileiro”, de Ataliba Castilho, Editora Contexto.

Disse ainda que existe no nosso país um desejo muito grande dos “chefes” em esconder a verdade (conspiração?), pois não divulgam o que é útil, ou realmente importante. Como exemplo, citou termos professores brasileiros de capoeira em mais de 100 países que ninguém divulga, ou fala a respeito.

Falou do seu manual de redação e das qualidades que um texto deve ter, sendo elas:
1 -Uma só coisa (tema)

2 - Monológica (objetividade)

3 - Concretude (conciso)

4 – Questionamento (problemas)

E afirma que o aluno deve transcorrer facilmente entre o texto descritivo, narrativo, e argumentativo. Todos os conhecimentos escolares devem deixar de ser passivos, e ter funcionamento prático (ativo). Os professores não devem tentar métodos, não existe a tentativa de ensino. Tem que fazer dar certo, criar hipóteses e métodos. Ênfase ao ensino do uso de dicionário, reescrita, autonomia, respeito, correção em grupo, etc.

Alex Sandro M. Spindler (Presidente do DA de Letras) ao lado do Prof. Dr. Paulo Guedes (UFRGS)

Prof. Dr. Luiz Paulo da Moita Lopes (UFRJ) e a Prof.ª Me. Rosemari Lorenz Martins (Feevale)

Mesa-redonda: Letramentos

Prof. Dr. Luiz Paulo da Moita Lopes (UFRJ)
Mediadora: Prof.ª Me. Rosemari Lorenz Martins (Feevale)

Moita Lopes começou apresentando alguns slides, de seu trabalho denominado Letramentos digitais e as identidades sociais. Relatou, então, a importância do Letramento para a mudança social, ou seja, a escola deve reinventar o social. Tem um trabalho também, do qual falou muito, sobre Letramentos escolares e não-escolares: discurso midiático, performances e re-descrições identitárias. (2007) – em que situa os letramentos como práticas sociais, nas quais a vida social está sendo construída discursivamente ou em performance, o projeto se apóia nas relações entre os participantes de tais práticas e o discurso midiático, necessariamente multimodal. O projeto focaliza contextos não-escolares ao estudar perfomances identitárias de leitores, telespectadores e internautas em comunidades de práticas centradas no diálogo com textos midiáticos. O objetivo aqui é investigar se esses participantes se inscrevem ou não, em suas performances identitárias, nos posicionamentos interacionais que tais textos disponibilizam, nas conversas sobre a mídia nas quais estão envolvidos.

Citou nomes como Lankshear e Knobel, escritores de um livro importantíssimo, segundo ele, chamado A new literature sample. Trouxe também noções sobre discurso, ressaltando que ele é nada menos que o “modo de agir no mundo com o outro”.


Prof.ª Me. Simone Daise Schneider (Feevale) e a Prof.ª Dr.ª Roxane Helena Rodrigues Rojo (UNICAMP)

Sexta-feira - 01/10/2010
Conferência: Leitura e multiletramentos: decorrências para a sala de aula

Prof.ª Dr.ª Roxane Helena Rodrigues Rojo (UNICAMP)
Mediadora: Prof.ª Me. Simone Daise Schneider (Feevale)

Roxane Rojo fez uma apresentação mais voltada para a tecnologia e informática, dando grande ênfase na importância de nos atualizarmos tecnologicamente. Aproveitando esse assunto disse que a escola brasileira é do século XIX, o professor do XX e o aluno do XXI. A escola deve preparar o aluno para o trabalho e vida atual, lógico que tem de estabelecer éticas, criar conhecimento, mas acima de tudo desenvolver a criatividade, a autonomia e o trabalho em grupo.

Ressaltou também a dificuldade dos alunos em relacionar os textos que leem e, que, para superarmos isso, devemos fazer uso dos novos gêneros discursivos, tal como blog, msn e até o twitter. Ela chama essa geração de “Ctrl. C e Ctrl V”. Disponibilizar ou fazer mais uso da hipermídia, isto é, ambientes de aprendizagem interativos, como exemplo, imagens, sons, vídeo, etc. Enfim, aprendizagens realmente novas. É o que precisamos, segundo ela, além é claro de uma grande dose de intertextualidade entre os poetas, escritores e disciplinas. Por fim, disse que computador é tradução, nunca produção.

Prof.ª Dr.ª Laura Cavalcante Padilha (UFF), Prof.ª Dr.ª Marinês Andrea Kunz (Feevale) e a Prof.ª Dr.ª Juracy Assmann Saraiva (Feevale)

Sábado – 02/10/2010
Mesa-redonda: Literatura como manifestação de identidades

Prof.ª Dr.ª Laura Cavalcante Padilha (UFF)
Mediação: Prof.ª Dr.ª Marinês Andrea Kunz (Feevale)

Laura Padilha Cavalcanti emocionou e emocionou-se. A palestra de Laura foi maravilhosa em todos os sentidos. Conhecimentos para dar e vender, humildade e como uma colega bem definiu: a personificação da oratória. Realmente, Senhora Oratória ou Oradora, como preferirem.

Começou falando de história, isto é, a colonização da América do Sul onde os portugueses e espanhóis, simplesmente, queriam levar o que achassem de valor aqui e mais nada, enquanto os ingleses colonizaram para criar um novo mundo. Segundo ela, os países colonizados têm problemas educacionais porque as “letras” chegaram depois. As letras são parte da colonialidade do saber. E quanto às chacinas cometidas pelos europeus, que chegaram aqui e, encontram o Natural da terra (índio) e os dizimaram, um holocausto maior que o de Judeu ocorreu aqui, nas Américas.

Portugal só nos liberta em 1975, e os portugueses ficaram perdidos quando perderam o Brasil. O que difere aqui é a autonomia, que é bem diferente de independência. Já a África não foi dizimada, resistiu. Só quem sabia extrair o ouro eram os africanos. Lá eles, a maioria, ainda não saber ler, mas compram 5 mil exemplares por ano. Eles não sabem ler, todavia tem o fetiche do livro, sendo que os que sabem, leem e contam.

Deu ênfase as diferentes formas de ler um livro. Alguns precisam ser falados, ouvidos ou até vistos (no espelho), a exemplo Grande Sertão Veredas. O escritor percebe que tem de encantar/trazer o leitor para o texto. Laura finalizou com a seguinte máxima: “a internet só faz sucesso no Brasil porque é uma forma de leitura da qual eles não sabem que leem”.


Realização

· Coordenação: Prof.ª Dr.ª Marinês Andréa Kunz

· Comissão Organizadora:

· Antônio José Henriques Costa

· Daniel Conte

· Elaine Maria Fernandes

· Juracy Assmann Saraiva

· Leandro Roberto Manera Miranda

· Lovani Volmer

· Rosemari Lorenz Martins

· Rosi Ana Grégis

· Simone Daise Schneider

· Valéria Zanetti Ney


Promoção: Instituto de Ciências Humanas, Letras e Artes – ICHLA – Curso de Letras
Organização:
Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários - Proacom



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